16 a 20 de novembro

13° Congresso de Educação Antirracista inicia com mesa redonda sobre a universidade pública

Com auditório lotado de estudantes da Universidade Zumbi dos Palmares e também de outras instituições de ensino, além de público interessado no assunto, nesta segunda-feira, 18/11, José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares fez a abertura oficial do 13º Congresso de Educação Antirracista. O evento que tem como objetivo central promover uma reflexão profunda sobre temas importantes para a sociedade contemporânea, com foco na educação, no combate ao racismo e nas políticas públicas voltadas para a promoção da igualdade racial.

Na sequência, a atriz e poeta Elisa Lucinda subiu ao palco e compartilhou algumas histórias de sua vida, revelando como muitas vezes se sentiu quando sofreu preconceito por ser uma mulher negra e também compartilhou como aprendeu a sair de situações desagradáveis, provocando muitas risadas no público.

Após a apresentação contagiante de Elisa Lucinda, Guiomar de Grammont, curadora do congresso, convidou os debatedores da noite para compor a mesa redonda que teve como principal tema A universidade pública como agente de transformação e o compromisso de combate ao racismo. Pesquisadores destacaram a importância de as universidades discutirem temas como editais de intercâmbio para negros e negras, bolsas específicas e sistemas formais de fortalecimento de líderes comprometidos com a formação e o impulsionamento desses talentos.

Iniciando o tema, a Ms. Amarílis Regina Costa da Silva, advogada e doutoranda na Faculdade de Direito da USP, contextualizou sua pesquisa, que aborda as políticas de cotas no Brasil: “As primeiras cotas vigentes no nosso país são cotas, justamente, para aqueles que detinham terras, que detinham propriedades. E diametralmente em oposição a esse programa de cotas, nós tínhamos também uma legislação de terras e uma legislação constituinte que impedia que as pessoas negras acessassem o estudo e que pessoas que não tivessem o estudo, acessassem a propriedade privada”, explicou Silva

Em seguida, a Ms. Juliana Maria Costa, administradora e doutoranda na FEA-RP da USP, detalhou o processo de instituição de uma política afirmativa para mulheres negras no pós-doutorado da Universidade de São Paulo: “foi nesse contexto da pandemia que a gente começou a perceber que tínhamos ali uma chance de materializar uma política institucional para a USP. Em seguida, iniciamos uma pesquisa, pois também faz parte de uma política pública você verificar se aquilo que está sendo dito realmente acontece”, ressaltou Costa.

Ao mencionar a busca por dados, Costa foi complementada pelo Dr. Rodrigo Correia do Amaral, sociólogo e também participante da criação do Programa de Pós-Doc para Pesquisadores Negros na USP. “O primeiro passo foi organizar o estudo. A celebração do Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha em 2020 veio com o pretexto celebrativo, mas no nosso contexto, na atuação do escritório USP Mulheres, foi onde a gente entendeu claramente que era uma oportunidade de fazer uma escuta propositiva, que permitisse que a Universidade conhecesse as demandas e as aspirações”, detalhou o pesquisador.

Por fim, a mesa recebeu o Dr. Rogério Monteiro de Siqueira, docente e diretor da área “Mulheres, Relações Étnico Raciais e Diversidades” da PRIP-USP, que contribuiu com um rico panorama étnico-racial da Universidade de São Paulo: “Não basta apenas aumentar os números, o que já é um enorme desafio, nós temos um passo dois: que é como fazer a universidade mais inclusiva e mais acolhedora para todas as populações pretas e pardas”, concluiu.

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