Sob a mediação do Profº Luciano Machado Rodrigues, a mesa Educação Antirracista: Cotas e Ações Afirmativas despertou interesse do público que ficou atento aos comentários dos pesquisadores participantes.
Para Júlio César Carvalho Soares (Especialista em História e Cultura Afro-brasileira da SME/RJ) a educação vai muito além do ler, escrever e contar. “Ela é o processo de desenvolvimento dos aspectos físico, intelectual, moral, espiritual, dentre outras coisas. É ela também que transforma o indivíduo em sujeito. O sujeito é aquele que sofre a ação e que tem a possibilidade de agir. Nós não queremos uma pessoa que saiba fazer contas, que saiba redigir um belo texto, mas que seja racista e machista. A educação é muito mais ampla e por isso precisamos tratá-la dessa forma”, afirmou Soares
Camila Aparecida Souza Santos (Especialista em História, Ciência, Ensino e Sociedade pela IFABC) evoca a educadora estadunidense bell hooks para essa conversa. Primeiro, Camila Santos afirma que “quando vamos pensar em educação antirracista, antes de mais nada devemos enxergar em uma sociedade racializada, então nós temos hierarquias, temos grupos sociais e raciais que são desvalorizados, que tiverem seus direitos negados historicamente, como o acesso à educação, à cultura, lazer, moradia. Enxergar essa estrutura é o primeiro passo para uma educação antirracista”.
Ela continuou seu raciocínio evocando a autora do clássico Ensinando a Transgredir: a Educação como Prática da Liberdade. “Bell hooks fala sobre esse ato anti-hegemônico que é a educação para pessoas negras, que não é só aquela educação que coloca no conteúdo a capoeira, o samba, o folclore, mas que instrumentaliza de fato essas pessoas negras para concorrer na competição que a sociedade capitalista nos impõe e que nos empurra para as margens. Precisamos pensar na educação antirracista mais do que um conteúdo, mas em quais as referências, a representatividade e o empoderamento das pessoas negras do momento em que iniciam na escola até a universidade.”
Para o mediador Profº. Luciano Machado Rodrigues, a educação antirracista é a única maneira de acabarmos definitivamente com o racismo. “Ela é realizada através do reconhecimento e valorização das várias contribuições dos afro brasileiros em todas as áreas do conhecimento. as cotas raciais visam combater o racismo e a desigualdade racial no brasil, como parte das ações afirmativas, que são políticas que visam promover a inclusão e a valorização de grupos sociais que foram historicamente excluídos, como pessoas negras, indígenas, quilombolas, com deficiência e mulheres”, concluiu.