Logo após às boas vindas a todos e todas na abertura do Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial, realizado no dia 18 de novembro, na Fiesp, em São Paulo, aconteceu o primeiro painel que reuniu Presidentes e Vice-Presidentes de grandes e importantes empresas.
Com foco no tema central Mudanças Climáticas, Neoindustrialização, Inclusão e Diversidade, José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, fez perguntas e provocações interessantes aos convidados que interagiram trazendo as posições de suas companhias em relação ao tema.
Vamos conferir a primeira parte deste encontro com as principais falas dos ilustres participantes: Dan Ioschpe (Fiesp), Marcelo Tadin (Grupo Carrefour), Ana Cristina Rosa Garcia (Banco do Brasil), Marcelo Magalhães (Deloitte), Marcelo Pimenttel (GPA), Carla Bellangero (KPMG), Rodrigo Visentini (Unilever), Ana Cecília Simões (VIVO) e Renato Rosa (Correios).
Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
“Nós não vamos alcançar o desejado desenvolvimento socioeconômico sem endereçar essa questão da inclusão de uma forma objetiva, escalável e prática. Esse é um dos desafios estruturantes da humanidade e especialmente, talvez, de países como o Brasil. Tudo isso se alinha com outros temas clássicos que também de certa forma estão sendo discutidos aqui hoje, como a descarbonização, digitalização, e também como nós vamos enfrentar a questão da IA e seus avanços. Além do combate em geral da redução das desigualdades”.
Marcelo Tardin, Vice-Presidente de Transformação, RH e Jurídico no Grupo Carrefour Brasil
“A nossa jornada contra o racismo estrutural e a nossa luta antirracista dentro do Grupo Carrefour, permeia todo nosso ecossistema. A gente sabe o tamanho da nossa responsabilidade e muitas vezes a gente pode achar que estamos fazendo o bastante, mas dado o tamanho da nossa dívida histórica e social, com os negros do nosso país, ainda há muito, muito por fazer. Eventos como esse, unindo diferentes atores da nossa sociedade, são críticos para que a gente não pare em nossa luta contra o racismo estrutural no Brasil. A gente precisa junto seguir avançando”
Ana Cristina Rosa Garcia, Vice-Presidente do Banco do Brasil
“È um prazer estar aqui, representando o Banco do Brasil e representando a Taciana Medeiros, a Presidente do BB, uma mulher negra e LGBT, que representa vários marcadores da diversidade e que estava no G20”
Marcelo Magalhães, Presidente da Deloitte
“Fizemos a terceira edição de uma pesquisa que busca contribuir com dados sobre o que está acontecendo dentro das organizações. A pesquisa envolveu mais de 300 empresas de todos os segmentos em todas as regiões do país. Alguns grandes fatores e considerações que trago aqui é que está havendo uma maior conscientização das empresas em incorporar a diversidade, equidade e inclusão nas suas estratégias. Hoje vemos que 3/4 das empresas tem dentro das estratégias as questões de diversidade, equidade e inclusão. Elas veem que com isso há uma melhoria das suas equipes, há geração de valor e também propicia um ambiente mais acolhedor para os grupos de minoria. Também contribui para um ecossistema empresarial mais justo e sustentável. O segundo tópico que essa terceira edição revelou é que essa conscientização se transformou em ações”
Marcelo Pimentel, Presidente do GPA
“Nesse contexto de desafio, nós colocamos metas importantes. No GPA, 58% dos nossos colaboradores se auto declaram negros, e como transformá-los em liderança? Nós temos de 50% a 54% da liderança vindo de colaboradores que se auto intitulam negros. O desafio para nós agora é transformar essa base de líderes, que começa na loja, em líderes da estrutura sênior da organização. Para 2030, colocamos a meta de ter 50% de líderes negros dentro da estrutura sênior da organização, e isso precisa ser intencional. Nós conseguimos em 2024 ter alguns breakthroughs (avanços), que primeiro foi colocar duas mulheres no conselho, onde não tínhamos nenhuma, e uma delas é uma mulher negra, a Rachel Maia, que participa e colabora conosco”.
Carla Bellangero, Sócia de Audit e Assurance da KPMG
“Estamos vivendo no mundo uma jornada incrível que pode trazer oportunidade para todos nós aprendermos com esse processo. A CVM, no ano passado, foi a primeira autarquia do mundo a dizer que todas as empresas que participam do mercado de capitais têm que preparar os seus relatórios de acordo com esse tema de ESG para dividir e compartilhar o que elas estão fazendo no mercado. Todas essas empresas estão trabalhando hoje, para que, em 2026, essas informações possam ser divulgadas. O que isso traz de importante para nós? O marco, que convida a todas as empresas a fazerem uma autoavaliação, porque o primeiro passo dessa jornada de ESG é a gente mensurar onde estamos e onde estamos com os temas de ambiente, com os temas de pessoas, com a questão da diversidade, com a questão da governança. Isso é um desafio, é um convite a todos os líderes, de todas as organizações a pensarem o que eles querem para o futuro de amanhã. A gente fala muito em estratégia climática, mas a gente precisa dessas pessoas e quanto mais diversas essas empresas forem, as soluções de iniciativa, a inovação, ela vem de forma mais natural. Então a gente tem que ter esse olhar diverso para a gente aprender com esse processo”.
Rodrigo Visentini, Presidente da Unilever
“Estamos reformulando toda nossa base, desde os colaboradores aos influenciadores. Na parte de alimentos, por exemplo, já temos mais da metade de influenciadores negros, que trabalham com a marca. Então você vai gerar mais empregos, mais trabalho, mais ouvido na escuta ativa da sociedade. A gente tem também casos interessantes com a marca Comfort. A Thais Araújo é uma das influenciadoras da marca. A parte mais legal disso, é que para ela entrar na marca, ela quis saber se a marca se compromete de verdade, se a questão racial da Unilever era um discurso ou a realidade. Ela pediu indicadores para nós e, depois de ver tudo, ela assinou o contrato da parceria. Ela quis ter certeza que não era um discurso apenas para agradar”.
Ana Cecília Simões, Diretora de Gestão de Talentos e Transformação Cultural da VIVO
“A gente entende, na Vivo, que a diversidade faz parte do nosso negócio e isso gera inovação dentro da empresa. Hoje nós temos um propósito, somos a empresa mais diversa do Brasil, além de sermos referência em equidade racial. Trabalhamos com diversas iniciativas, como a Jogada da Diversidade, onde debatemos todos os meses sobre algum tema, com fóruns e lives, e trazemos um letramento. Além disso, temos nossas ações afirmativas, ano passado, por exemplo, tivemos mais de 2700 vagas afirmativas, programas de mentorias – principalmente para mulheres. Temos trabalhos com jovens também, sempre 50% das nossas vagas, seja para jovem aprendiz, estágio ou trainee são para estudantes negros. Nós estamos trabalhando a forma como a gente se comunica, trazendo o olhar dos nossos executivos para a importância da diversidade, principalmente os diretores e vice-presidentes”.
Renato Rosa, superintendente estadual SP dos Correios
“A meta de diversidade nas empresas, com 30% de intencionalidade para renovar os quadros de empregados, visando atingir 40% de liderança composta por mulheres e negros. Em São Paulo, conseguimos atingir cerca de 93% a 95% das metas estabelecidas. Cerca de 40% do quadro da empresa em liderança, nós temos que atingir com mulheres e negros também. Quero destacar a importância do concurso público para garantir a diversidade e o equilíbrio na estrutura das empresas. O BNDES também implementou um concurso com 30% de cotas para negros, refletindo uma tendência nas empresas públicas de aumentar as cotas de diversidade”.