16 a 20 de novembro

Segunda parte do Encontro de Presidentes e Vice-Presidentes no Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial

Vamos conferir a segunda parte deste encontro com as principais falas dos ilustres participantes: Fábio C. Leite (Dupont),  Luiz Sérgio (EY), Kleytton Morais (Fundação Banco do Brasil),  Alfredo Kober (ICL Group), Gustavo Bruno (Mars/Unidade Pet), Ricardo Neves (NTT Data), Suelma Rosa (PepsiCo), Marco Castro (PwC) e Alfredo Lalia Neto (Sompo Seguros).

 

Fábio C. Leite, Presidente da Dupont

“Quando você acorda todos os dias e na sua agenda se você não tiver alguma coisa relacionada à transição energética e à liberdade de inclusão, provavelmente você não está fazendo um bom trabalho em planejar o seu tempo. Acho que são as duas coisas mais urgentes que a gente tem para poder tratar. Especificamente em relação à inovação, a gente inova a partir das pessoas. Estive num evento recentemente e alguém me perguntou se os materiais eram o que promoviam essa inovação. Respondi que não. O que promove a inovação são as pessoas que buscam os usos e desenvolvem os materiais”.

 Luiz Sérgio | Presidente da EY

“No painel anterior estávamos falando da questão da intencionalidade. Eu acredito muito nisso porque tem a ver com a gente colocar esse tema da diversidade e da questão racial na estratégia das empresas. Isso é uma agenda que é uma agenda de sustentabilidade de qualquer negócio. Você precisa contratar, atrair bons talentos, desenvolver, permitir que aqueles talentos se engajem na organização e criem valor dentro dessa organização. E você não pode limitar qualquer uma dessas atividades. Então, quando a gente fala que as empresas hoje precisam cada vez mais inovar, a inovação vem através da diversidade. Então, essa é uma agenda que tem que ser intencional, porque ela é uma agenda de sustentabilidade e de criação de valor de longo prazo de qualquer organização”.

Kleytton Morais, Presidente da Fundação Banco do Brasil

“Primeiro, o que é um pilar de urgência, de emergência e de atuação imediata, é salvaguardar as condições de segurança alimentar para a população brasileira. E aí nós estamos falando de fome, e fome que tem cara, entender isso é sério. Mais de 90% da população que passa fome hoje no Brasil tem cara, tem cor. Então nós estamos falando, de novo, de um processo estruturante, que recai sobre a população da diáspora. Então, portanto, a iniciativa empresarial também, aqui articulada, pode alinhar, e aí quando chegamos na Fundação do Brasil, muitas das vezes não é dinheiro novo, mas é como as ações que já estão postas em prática pelos institutos e fundações, se alinham para salvaguardar em caráter de emergência. Essa que é a ação premente da humanidade, salvaguardar a segurança alimentar das pessoas. Então, queria, nesse aspecto, dizer que a Fundação do Brasil também está em conjunto com o Governo Federal e com várias outras instituições, dando esforços, reestruturando as cozinhas solidárias, com uma perspectiva de cumprir essa agenda, portanto, assegurar segurança alimentar”.

Alfredo Kober | Presidente do ICL Group

“Nós acreditamos em uma proximidade muito grande. Nosso papel é desenvolver tecnologia para os agricultores melhorarem a qualidade e a produtividade de todas as suas atividades. O Brasil, acho que todo mundo já ouviu falar, mas eu não vou perder a oportunidade de apresentar um pouco mais para o pessoal da Paulista o que é o agronegócio. Nós somos o principal produtor e exportador de soja, milho, café e açúcar. Hoje, o Brasil tem uma das melhores matrizes energéticas, em torno de 55% da matriz energética do Brasil é verde. A gente tem etanol, que é um concorrente importante, estamos investindo muito em biodiesel. Então, hoje, a gente produz etanol de cana, de milho, biodiesel de soja e isso tem possibilitado um crescimento maior da industrialização do interior. Nós estamos atentos em relação à mudança climática, o impacto da questão de carbono”.

Gustavo Bruno | Presidente da Mars/Unidade Pet

“A gente entende o Brasil de uma maneira muito afirmativa, porque não é só você trazer uma população negra para dentro da sua organização. Isso é fácil. O problema é você trazer ela na base, para qualificar como um profissional que vai prosperar, e que vai conseguir levar a necessidade dos pets, e da comunidade brasileira, para fora do Brasil. Então, nós, como Mars, a gente tem um grande comprometimento, não só de trazer eles nos nossos estágios, que são vagas afirmativas. Nós temos um programa de mentoria para ajudá-los a se desenvolver na nossa organização, e a gente ensina eles a falar inglês. Porque o que adianta a gente trazer a população se a gente não permite que eles se comuniquem para fora, onde está a nossa matriz. Incluir é fácil, reter é para poucos. E esse é o comprometimento da Mars”.

Ricardo Neves, Presidente da NTT Data

“A tecnologia e telecomunicações é parte de 6,5% do PIB brasileiro. Porém, eu acredito que é o 6,5% que influencia diretamente os 93,5% que não estão nele. Ou seja, através da tecnologia, das telecomunicações, você consegue influenciar diretamente a produtividade, a transformação, a resolução de problemas complexos que estão nos demais setores da economia. E esse é um setor que existe hoje com alta carência de mão de obra especializada. A BRASCOM, que é a Associação Brasileira de Telecom, do qual eu sou membro do conselho, a gente publica um estudo que coloca que a gente tem um déficit de 100 mil vagas, 100 mil por ano, vagas em tecnologias que não são supridas pela nossa formação hoje. E aqui eu trago que é justamente através de ter pessoas qualificadas para trabalhar em tecnologia que a gente vai resolver”.

Suelma Rosa, Vice-Presidente de Assuntos Corporativos da América Latina da PepsiCo

“Nós temos um desafio, nós temos um atraso social histórico, nós temos muitas desigualdades. Essa desigualdade, como falava o meu colega, ela tem cor, ela tem endereço, mas a gente tem uma outra urgência que se sobrepõe, que não é nova, que é a urgência climática. E aí quando a gente pensa no papel dessa cadeia de valor, de uma empresa do nosso tamanho, ela tem um papel transformador gigantesco. Precisamos pensar na capacidade de redirecionar riquezas, pela incorporação de empresas da sociobiodiversidade, e aqui trazendo comunidades tradicionais, como as comunidades quilombolas, que estão efetivamente marginalizadas, as comunidades indígenas, que são 0,8% da população brasileira, mas que também estão no enfrentamento dessas desigualdades. gente está conversando aqui na promoção de equidade racial, de empresas que tenham como quadro societário a representação racial, mas que, mais do que isso, que tenham na sua liderança, nos seus proprietários, nos seus sócios, essa representação”.

Marco Castro | Presidente da PwC

“A gente, na semana passada, fez um estudo que mostrava exatamente sobre o impacto e capturava a percepção do Brasil, das pessoas de todas as classes, o que eles entendem por justiça climática. Temos índices incríveis, acima de quase 90% de pessoas que entendem que são impactadas geralmente por problemas climáticos, entendem que isso está presente no seu dia-a-dia. São números impressionantes, eu convido a quem tiver uma chance um tempo a visitar o nosso site para ver um pouco sobre isso. Surpreendentemente, a gente também nota uma desinformação muito grande. As pessoas não conectam a necessidade de tratar o tema de inclusão, incluir aqueles que são mais vulneráveis, trazer uma proteção para essa camada. Então a gente tem uma oportunidade gigantesca, como disse o professor, de trazer isso para dentro dessa pauta. A gente nota que, quando você pega um recorte de classes A e B, aqueles que têm mais formação, educação, e se você faz um recorte de raça e etnia, obviamente os mais brancos são aqueles que são os eternos privilegiados nesse processo. A gente nota que a desinformação, a exposição e a vulnerabilidade estão muito mais presentes nas camadas C, D e E.

Alfredo Lalia Neto, Presidente Sompo Seguros

“A gente esse ano descobriu que o Brasil está sujeito a catástrofe. O evento lá no Sul foi um evento catastrófico. Eu trabalhei 30 anos na indústria de seguros, sempre se falava que o Brasil não era um país catastrófico. Nos Estados Unidos têm os seus furacões, o Japão tem terremotos. E a enchente do sul foi um evento catastrófico, e infelizmente acaba que grande parte dos riscos segurados são os riscos empresariais, e a população acaba não tendo essa proteção, então o mercado vem discutindo bastante como criar produtos ou como criar proteções. E logicamente tem que ser algo entre o público e privado porque muitas das pessoas que mais sofreram com a catástrofe têm dificuldade de se alimentar. De novo, a grande parte da população preta e parda que acabou sofrendo mais, então eu diria que o mercado vem estudando isso, a gente tem esse propósito de tentar entender, no pós evento como as enchentes como a gente pode melhorar para diminuir o impacto. Pois é, porque você traz para a nossa reflexão e também apreensão o que nós temos mais ou menos constatado, o espaço do território que vai ser mais atingido por essas manifestações dos extremos, são aqueles das franjas sociais, são aqueles que não têm as infraestruturas, e no nosso país, infelizmente, as pessoas que lá estão têm cor e têm raça. Então, a política pública, que não compreende isso, ou mesmo a política corporativa de asseguramento, que também não considera isso, talvez fique pela metade”.

 

 

 

 

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