16 a 20 de novembro

Sociedade e Racismo em debate no Congresso de Educação Antirracista

No segundo dia de realização do 13° Congresso Internacional de Educação Antirracista na Universidade Zumbi dos Palmares, os trabalhos iniciaram com a mesa intitulada Sociedade e Racismo. Ela foi mediada pelo Profº Odair Marques da Silva (Doutor em Ciências da Cultura pela UTAD de Portugal) que iniciou dizendo que os indicadores apontam que as iniciativas entre as universidades brasileiras e as universidades africanas são extremamente tímidas e chegam a ser, mesmo em universidades públicas renomadas e institutos federais, além das universidades privadas, chegam a ser quase que nulas.

“Um dos projetos que eu estou particularmente envolvido é de pesquisa e divulgação dos países africanos no sentido da África contemporânea, da África moderna e urbana, que nós brasileiros não conhecemos. Quando falamos da África, a imagem que vem na cabeça das pessoas é da África frágil, com pobreza e, por vezes, aquele olhar romantizado sobre a diversidade natural biológica da savana. Mas a África cosmopolita, urbana e moderna, é algo que precisamos conhecer, como Joanesburgo, uma das maiores cidades da África do Sul, que é praticamente idêntica a São Paulo no sentido da sua estrutura de prédios, arruamento e até no trânsito”, revelou o Profº Silva.

Na mesma mesa esteve presente Renata Soares da Luz (Mestra em Cuidado e Inovação Tecnológica em Saúde pela UNICAMP), que provocou mais reflexões sobre a população de mulheres negras na sociedade.  “A partir da interseccionalidade, que é uma categoria sociológica, é possível analisar os diversos fatores que vão incidir na saúde da população de mulheres negras. Minha pesquisa se baseia em entrevistas com um grupo de mulheres que fazem parte do Movimento Negro Unificado de Campinas e, após essas entrevistas, eu as categorizo e busco entender como o conceito de interseccionalidade se aplica ao acesso de mulheres negras aos sistemas de saúde”, completa Luz.

A pesquisadora trouxe ao debate a socióloga estadunidense Patrícia Hill Collins e a personagem do Sítio do Pica-Pau Amarelo. “Imagens de controle são, segundo a socióloga Patrícia Hill Collins, ferramentas de dominação de corpos pelos colonizadores em relação às imagens negras. Por exemplo, uma imagem bastante comum que percebi na minha pesquisa é da mãe preta, que é correlata à personagem da Tia Anastácia, do Sítio do Pica-Pau Amarelo. É a imagem de uma mulher gorda, negra, de pele retinta, que vive em função de servir a uma família, sem rótulos, sem uma identidade, sem sexualidade e sem desejos. Nesse estudo eu percebo como as imagens de controle interferem no acesso dessa mulher no sistema de saúde, no qual ela é muitas vezes invisibilizada”, complementou Renata Soares da Luz.

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